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CULTURA

Luana Vitra apresenta novos projetos internacionais no centro de arte contemporânea Kunstinstituut Melly, na Holanda, e é um dos nomes confirmados para a 16ª Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes

(Créditos – Matthieu Croizier)

A artista visual mineira é destaque dentro e fora do Brasil, com a circulação de projetos autorais entre o final de 2024 e início de 2025

Uma mescla de influências da dança, espacialidade e questões socioambientais é a forma mais simples de descrever uma trajetória tão plural e atenciosa como a de Luana Vitra. A artista visual de Contagem, Minas Gerais, tem se tornado uma das vozes mais proeminentes da arte contemporânea brasileira com seu olhar preciso e criativo, e, agora, chega a públicos internacionais. Reafirmando seu espaço no cenário global, Luana inaugura sua aguardada exposição solo, “As contas do meu rosário são balas de artilharia”, no Kunstinstituut Melly, em Roterdã (Holanda) – entre setembro de 2024 e abril de 2025 –, enquanto se prepara para debutar na 16ª Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos – entre fevereiro e junho de 2025 –, representando o país como uma das duas artistas brasileiras confirmadas. Sua agenda ainda prepara novidades para o próximo ano, que serão divulgadas em breve.

A mostra que apresenta a instalação “As contas do meu rosário são balas de artilharia” (em inglês “The beads of my rosary are artillery bullets”) chega ao centro de arte contemporânea de Roterdã, nos Países Baixos, após ser adquirida pela Hartwig Foundation para a Rijks Collection, a coleção nacional dos Países Baixos, por meio do Hartwig Art Production | Collection Fund. Esta obra explora a relação de Luana entre espiritualidade e trabalho manual, conectando sua herança de Minas Gerais com a experiência de uma residência na África do Sul. A artista se inspirou em técnicas tradicionais de tecelagem e miçangas aprendidas com a cultura Zulu, refletindo sobre o ato repetitivo de passar as mãos sobre as contas como uma forma de oração e conexão espiritual. Suas instalações, compostas por uma variedade de materiais, evocam as energias dos metais e mitologias, abordando questões de guerra espiritual e histórica, tanto no Brasil quanto globalmente.

Paralelamente à exposição (que acontece entre 20 de setembro de 2024, com duração até 27 de abril de 2025), Luana está produzindo um curta-documentário que acompanha o processo de criação das obras e a residência artística que ela realizou na África do Sul. O filme explora sua conexão com materiais e territórios, e revela a dinâmica por trás das suas instalações, que entrelaçam a corporalidade e o espaço.

Tal ocupação do local dedicado a exposições, projetos educativos e engajamento público com a arte contemporânea na Europa, antecipa uma segunda conquista importante na trajetória de Luana. A sua participação na 16ª Bienal de Sharjah, que acontece nos Emirados Árabes Unidos, de 6 de fevereiro a 15 de junho de 2025, amplifica sua voz dentro e fora do país. Como uma das duas brasileiras convidadas, a artista participa da prestigiosa Bienal – conhecida por sua relevância no circuito internacional – com uma obra inédita. Sob a curadoria de Natasha Ginwala, Amal Khalaf, Zeynep Öz, Alia Swastika e Megan Tamati-Quennell, a Bienal reunirá artistas globais para discutir temas urgentes do seu tempo, e a obra de Luana se destaca por sua sensibilidade às questões socioambientais e decoloniais.

“Essa exposição no Kunstinstituut Melly tem sido um acontecimento bem especial para mim, porque é a primeira vez que estou vendo todas as obras que produzi durante a residência na África do Sul juntas, e realmente consigo sentir a magnitude de tudo que aprendi nesse território em relação a espiritualidade das matérias e do gesto.  Dar continuidade a isso com esse novo projeto para a Bienal de Sharjah tem sido incrível, porque se na exposição na Holanda eu me voltei para a espiritualidade do reino mineral, em Sharjah volto minhas investigações para a afetividade, desenvolvendo um projeto onde penso o desejo da matéria como possibilidade de estrutura, pesquisa que iniciei durante minha residência em La Becque, na Suíça, e agora terá continuidade nos Emirados Árabes Unidos”, afirma Luana, que protagoniza uma história já aplaudida pelo Prêmio PIPA, o mais importante prêmio de arte contemporânea do Brasil, o Hartwig Art Production | Collection Fund Commissioning Committee (2021-23), na Holanda, e o Prince Claus Seed Award em Amsterdã no ano de 2022. 

SERVIÇO

Exposição “As contas do meu rosário são balas de artilharia” @ Roterdã

Datas: 20 de setembro de 2024 a 27 de abril de 2025

Local: Kunstinstituut Melly, Roterdã, Países Baixos  

16ª Bienal de Sharjah  

Datas: 6 de fevereiro de 2025 – 15 de junho de 2025

Local: Sharjah, Emirados Árabes Unidos  

SOBRE LUANA VITRA

Uma mescla de influências da dança, espacialidade e questões socioambientais é a forma mais simples de descrever uma trajetória tão plural e atenciosa como a de Luana Vitra. A artista visual de Contagem, Minas Gerais, que iniciou sua trajetória aos 13 anos tem se tornado uma das vozes mais proeminentes da arte contemporânea brasileira com seu olhar preciso e criativo. Formada pela Escola Guignard (UEMG), sua produção foca em escultura, cerâmica, desenho e instalação, conectando corpo, espaço e questões socioambientais. Suas obras exploram temas como mineração predatória e racismo ambiental. Luana descreve suas criações como “coreografias”, refletindo sua relação com o movimento e o espaço.

A artista tem participado de importantes exposições em instituições como o MASP, o MAR e o Instituto Inhotim, além de eventos internacionais em países como Reino Unido, França e Gana, e importantes residências internacionais como La Becque,na Suíça. Em 2023, recebeu o Prêmio PIPA, após indicações nos anos anteriores, e participou da 35ª Bienal de São Paulo com a obra “Pulmão da Mina”. Outros reconhecimentos incluem o Prince Claus Seed Award (2022) e o Hartwig Art Production (Holanda). Em 2025, Luana integrará a Bienal de Sharjah, reafirmando sua presença no circuito global.